Lisboa, 6 de Abril 2017
Por: Catarina Bexiga
Juan José Padilla somou a terceira saída em ombros pela porta
grande da Monumental do Campo Pequeno. A sua presença esgotou o coso lisboeta e
suscitou na afición portuguesa um histerismo colectivo. Hoje, quem vai ver o
jerezano (e muitos foram os que abandonaram as bancadas após a sua última faena)
não vai , simplesmente, ver um matador de toiros que está no seu momento;
Padilla é um “produto” diferenciado, um exemplo de superação, a vitória da vida
sobre a morte… Particularmente, na praça de toiros da capital, a mensagem de Juan
José “cai bem” num público diverso, receptivo a tudo, que procura algo que o
divirta… Padilla bandarilhou os seus dois toiros de Varela Crujo, explorou a
nobreza do primeiro (excessivamente premiado com a chamada do ganadero à arena),
construindo uma faena variada e ligada; e com o segundo, que investiu sem
classe, tirou partido da generosidade do público português. Feitas as contas,
duas voltas no primeiro, mais três voltas no segundo, igual a saída em ombros.
No final da tarde de Quinta-feira, um painel de oradores,
composto por João Queiroz, José António Campuzano, Rui Bento Vaquez, Manuel
Dias Gomes e Pedro Brito de Sousa, abordou o tema da “Revitalização do Toureio
a Pé em Portugal”. O optimismo foi a
palavra comum no discurso de todos. Todavia, depois da valorização de Juan José
Padilla, cabe também aos aficionados apoiarem os matadores de toiros portugueses
para a revitalização que urge. A faena de Manuel Dias Gomes em Lisboa
(Setembro), com um toiro de Manuel Veiga; e a de António João Ferreira em Vila
Franca de Xira (Outubro) com um toiro de Falé Filipe; mereciam que ambos
tivessem na agenda vários contratos. A não acontecer, estaremos a falar de
revitalização ou mediatismo?
Voltando à arena de Lisboa, na noite do seu debute, a Roca
Rey tocou os dois piores toiros do encierro de Varela Crujo , o terceiro sem
força, custava-lhe a seguir os voos da muleta; e o sexto revelou-se manso, investindo
com brusquidão. Sem opções, o peruado esteve por cima das condições dos
adversários. A espaço, ainda desfrutámos da sua classe e do seu temple.
João Moura recebeu à gaiola o seu primeiro Vinhas - que
investiu melhor atrás do cavalo do que nas abordagens – e apenas logrou dois
curtos convincentes, com o “Colombo”, o terceiro e quarto da serie. Frente ao desenraçado
quarto da função, a actuação careceu de interesse.
Pelos Amadores de Vila Franca de Xira pegaram o cabo Ricardo
Castelo e Rui Godinho, ambos à segunda tentativa.
A noite terminou como começou, com um ambientazo em redor do
novo ídolo do Campo Pequeno: Juan José Padilla.