Lisboa, 18 de Fevereiro 2017
Por: Catarina Bexiga
O Bullfest nasceu com a
intenção de “abrir as portas” ao mundo global, promovendo a Tauromaquia como
manifestação cultural enraizada na sociedade portuguesa. Reconheço valor e mérito à ideia.
Congratulei-me com a presença dos mais novos, pelo entusiasmo com que viveram
todas as actividades, como se naquela hora o mundo estivesse a olhar para eles;
como se naquela hora se sentissem enfundados num precioso terno “tabaco y oro”;
como se naquela hora o público gritasse eufóricos “olés” e, no fim, levasse-os
em ombros pela porta grande com a mesma emoção com que vimos, recentemente,
acontecer com Juan José Padilla. Os
olhos de todas aquelas crianças brilhavam e acredito que para casa transportaram
o coração cheio de sonhos…
Reconheço valor e mérito ao
conceito, mas… Partindo do princípio que é preciso “conservar” os que cá estão
– verdadeiro sustento do espectáculo - e criar aliciantes para os que se possam
tornar aficionados, a ideia de recuperar
as lides a duo, no Festival Taurino de Sábado à tarde, pareceu-me, completamente,
caduca. Excepto dois ferros de Francisco Palha – o único que marcou a diferença
– no meio de tantas voltas e voltinhas, as actuações dos nossos cavaleiros careceram
de interesse para quem quer que fosse. No livro das recordações, ficou a pega
de Hugo Figueira (Redondo) superiormente ajudado por Pedro Coelho dos Reis
(Aposento da Chamusca); a espaços a
presença dos matadores de toiros “El Fandi”, António João Ferreira e Manuel
Dias Gomes; e ainda a emoção reavida pelos recortadores do grupo ArteLusa.
Considerações à parte, em prol
da defesa da Tauromaquia, o Festival Taurino merecia muito mais público… Os que
esgotam as bancadas para ver Pablo e Ventura – e que presumem a sua afición –
também lá deveriam ter ido. Porque o “amor” à Tauromaquia não se pode resumir a dois nomes…
Da “oferta” taurina, o grande
destaque vai para a apresentação do documentário “Torrinha, de corpo e alma”,
da realizadora francesa Jennifer Ajuriaguerra. Um documentário que retracta a
obra deixada por Mestre David Ribeiro Telles.