quinta-feira, 5 de outubro de 2023

VILA FRANCA (2.ª DA FEIRA): ANTÓNIO RIBEIRO TELLES E A “SUA” PALHA BLANCO. UMA HISTÓRIA IRREPETÍVEL!

Por: Catarina Bexiga
Durante a noite, de forma casual, mas também com uma certa nostalgia, vieram-me à cabeça algumas das melhores “obras” de António Ribeiro Telles, na Palha Blanco, na “sua” Palha Blanco. Aliás, tal como afirmei, no discurso que assinei, para o momento da homenagem, pelos seus 40 anos de Alternativa, o nome de António Ribeiro Telles é inseparável da história desta praça, com cinco manos-a-manos (dos 22 que somou ao longo da sua carreira) e uma encerrona. É o toureiro que mais vezes actuou na Palha Blanco, estando prestes a alcançar as 100 actuações. Por isso, é aqui respeitado e admirado!
O anunciado curro de Passanha lidado ontem resumiu-se a quatro toiros da divisa original e dois de Jorge Mendes, um deles, lidado em quarto lugar, como sobrero. O primeiro foi um toiro díspar de comportamento, se por um lado teve tendência para se emparelhar com o cavalo, por outro revelou um momento de ferro fácil; o segundo foi o melhor da noite, com mobilidade e durabilidade (ganadero e maioral foram premiados com volta à arena); o terceiro teve pouca entrega e veio a menos; e o quarto foi bruto no momento do ferro. O sobrero de Jorge Mendes teve as suas complicações e o sexto cumpriu.
A actuação de António Ribeiro Telles teve um mérito “escondido”, porque o seu Passanha investia de forma perigosa atrás do cavalo e era preciso ganhar-lhe a acção e o terreno. Foi isso, que o cavaleiro da Torrinha procurou fazer; mesmo assim, de saída montado no Hibisco, não se livrou de dois apertos contra tábuas. Depois a serie de curtos, com o Alcochete, teve o seu apogeu no quarto. António citou a favor da querença natural, o toiro arrancou-se e o ferro teve verdade e impacto.
Manuel Telles Bastos lidou o sobrero que saiu em quatro lugar. O de Jorge Mendes pôs o cavaleiro de sobreaviso, e a actuação não terminou de se definir. Montado no Ipanema, o quinto curto foi o mais convincente.
João Telles Jr. logrou a actuação mais conseguida da noite. Recebeu o seu Passanha à porta gaiola com o Ilustre, de forma segura e poderosa. Depois, montado no Gaiato, os dois primeiros curtos resultaram correctos, mas sem força, porque os quarteios foram abertos à distância; mas o terceiro, com o toiro a tomar a iniciativa de investir, já teve outro som. No fim, foi buscar o Ilusionista para deixar duas bandarilhas a quiebro, a primeira sem ajuste na reunião e a segunda mais cingida.
António Telles filho precisa de encontrar o cavalo que lhe permita colocar em prática, na integra, o seu toureio. Com o toiro por trás, tem desembaraço e sabe o que anda a fazer; depois no momento do ferro, montado no Sherpa – tal como aconteceu em outras ocasiões – o nível desde consideravelmente.
Tristão Ribeiro Telles teve uma passagem intermitente pela Palha Blanco. Curiosamente, o melhor ferro da noite foi da sua autoria. Aconteceu, montado no Moita, o primeiro da serie de curtos. O Passanha era bruto no momento do embroque e seguiram-se dois toques que desluziram as suas intenções.
No fim, a actuação “à moda da Torrinha” resultou dinâmica e entretida, com os cinco cavaleiros a despedirem-se do público da Palha Blanco em clima de festa. Aliás, um clima de festa que contrasta com as habituais nocturnas de Terça-feira, bem como a resposta do público que apenas preencheu 2/3 da lotação. Talvez mereça uma reflexão…
Noite dura, mas de entrega e afirmação, teve o grupo de forcados Amadores de Vila Franca. Pegaram Vasco Pereira a dar o exemplo, com uma grande pega, à primeira tentativa; seguindo-se Vasco Carvalho também à primeira, Lucas Gonçalves à segunda, Rodrigo Andrade à terceira, Guilherme Dotti esteve enorme concretizando à terceira e a encerrar Rafael Plácido deu seguimento à superior prestação do grupo, fechando-se à primeira. Quem merece uma palavra de reconhecimento, pela grande noite que teve, é o primeiro ajuda Diogo Duarte. Mais um grande desafio à altura de um grande grupo.
FOTO: PEDRO BATALHA

 

Arquivo do blog