sexta-feira, 5 de agosto de 2022

CAMPO PEQUENO: “PARA INGLÊS VER..."

 

Por: Catarina Bexiga

Para a primeira Quinta-feira de Agosto, o cartel anunciado pela empresa do Campo Pequeno foi “para inglês ver…” e bater palmas a tudo e a todos. Numa temporada em que é apenas possível a realização de quatro espectáculos, creio que é demasiado redutor a composição apresentada. A continuidade do Campo Pequeno, como praça de toiros – aliás, a razão da sua existência - aliada à seriedade e exigência que apregoamos para capital do Toureio a Cavalo tem que passar por argumentos mais convincentes...

O curro de Vinhas acusou muito peso na balança do Campo Pequeno, mas peso nunca será sinónimo de trapio. E foi o que aconteceu. Desiguais de apresentação, sem cara, destacaram-se o primeiro e o sexto, com mobilidade e encastados. Os demais contrastaram com os melhores, parado o terceiro e manso o quarto. O segundo e quinto deixaram-se.

O rejoneador Emiliano Gamero apresentou-se no Campo Pequeno e lidou o primeiro da noite. Nunca entendi as confirmações de Alternativa dos rejoneadores em Portugal. Exactamente, porque são rejoneadores e não cavaleiros de Alternativa, vestidos com casaca de tricórnio. Mais do mesmo. O brinde de Gamero teve contornos românticos: “Vengo a cumplir un sueño en la Patria del Toreo a Caballo. Por eso brindo por mí país y por Portugal”. Mas Gamero ficou-se pelo sueño; porque a sua actuação foi de paupérrimo conteúdo e com a complacência do Director de Corrida (João Cantinho), que caiu no ridículo e mandar tocar a música após o último curto e, inclusive, autorizar a volta à arena. Seriedade e exigência são duas palavras que não existem, definitivamente, no dicionário da maioria dos agentes taurinos deste país.

Em noite de aniversário de Alternativa, Rui Salvador sentiu o carinho do público de Lisboa. O cavaleiro de Tomar tem, actualmente, na quadra um cavalo que lhe permite estar a viver um momento dulce na sua carreira, chama-se “Hornazo”. A actuação foi vibrante, sobretudo, pela habilidade que o cavalo revela aquando da preparação e concretização das sortes. Destaco o terceiro curto, mais ajustado e impactante.

Manuel Telles Bastos sofreu uma aparatosa colhida logo no primeiro ferro curto. É certo que teve valor para voltar a “pôs o pé ao estribo”, mas daí para a frente as coisas nunca mais fluíram a seu favor.

Andrés Romero sorteou um “vinhas” manso, que esperava e atravessava-se na sorte. Romero imprimiu ânimo à actuação, mas a mesma veio a menos à medida que as dificuldades apresentadas pelo toiro também aumentavam.

Do meu ponto de vista, Miguel Moura protagonizou o melhor momento da noite. Montado no “Xarope” deu importância ao toureio de saída e apontou dois compridos (o primeiro, em sorte gaiola) superiores. A serie de curtos foi larga, mas nada que se equivalesse ao nível em que o vi na fase inicial.

A encerrar a noite, António Prates contruiu uma actuação fluente e com ritmo. Muito provavelmente, entre as melhores que logrou na sua carreira.  

Noite de concurso de pegas, entre três grupos. Pelos Amadores da Moita pegaram David Solo à segunda tentativa e Fábio Silva (com perseverança) à quinta. Pelos Amadores de Arronches concretizaram Luis Marques à quarta e Rafael Pimenta com uma rija pega à segunda, premiada com duas voltas à arena. Pelos Académicos de Elvas foram solistas Paulo Maurício à segunda e Gonçalo Machado à primeira, com a pega vencedora do trofeu em disputa.

Dia 18 de Agosto, voltamos ao Campo Pequeno, desta feita para um cartel à altura da primeira praça de toiros do país!

Foto: João Silva


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