Por: Catarina Bexiga
Para a primeira Quinta-feira de Agosto, o cartel anunciado
pela empresa do Campo Pequeno foi “para inglês ver…” e bater palmas a tudo e a
todos. Numa temporada em que é apenas possível a realização de quatro
espectáculos, creio que é demasiado redutor a composição apresentada. A continuidade
do Campo Pequeno, como praça de toiros – aliás, a razão da sua existência - aliada
à seriedade e exigência que apregoamos para capital do Toureio a Cavalo tem que
passar por argumentos mais convincentes...
O curro de Vinhas acusou muito peso na balança do Campo
Pequeno, mas peso nunca será sinónimo de trapio. E foi o que aconteceu. Desiguais
de apresentação, sem cara, destacaram-se o primeiro e o sexto, com mobilidade e
encastados. Os demais contrastaram com os melhores, parado o terceiro e manso o
quarto. O segundo e quinto deixaram-se.
O rejoneador Emiliano Gamero apresentou-se no Campo Pequeno
e lidou o primeiro da noite. Nunca entendi as confirmações de Alternativa dos rejoneadores
em Portugal. Exactamente, porque são rejoneadores e não cavaleiros de
Alternativa, vestidos com casaca de tricórnio. Mais do mesmo. O brinde de
Gamero teve contornos românticos: “Vengo a cumplir un sueño en la Patria del
Toreo a Caballo. Por eso brindo por mí país y por Portugal”. Mas Gamero
ficou-se pelo sueño; porque a sua actuação foi de paupérrimo conteúdo e
com a complacência do Director de Corrida (João Cantinho), que caiu no ridículo
e mandar tocar a música após o último curto e, inclusive, autorizar a volta à
arena. Seriedade e exigência são duas palavras que não existem,
definitivamente, no dicionário da maioria dos agentes taurinos deste país.
Em noite de aniversário de Alternativa, Rui Salvador sentiu
o carinho do público de Lisboa. O cavaleiro de Tomar tem, actualmente, na
quadra um cavalo que lhe permite estar a viver um momento dulce na sua
carreira, chama-se “Hornazo”. A actuação foi vibrante, sobretudo, pela habilidade
que o cavalo revela aquando da preparação e concretização das sortes. Destaco o
terceiro curto, mais ajustado e impactante.
Manuel Telles Bastos sofreu uma aparatosa colhida logo no
primeiro ferro curto. É certo que teve valor para voltar a “pôs o pé ao estribo”,
mas daí para a frente as coisas nunca mais fluíram a seu favor.
Andrés Romero sorteou um “vinhas” manso, que esperava e
atravessava-se na sorte. Romero imprimiu ânimo à actuação, mas a mesma veio a
menos à medida que as dificuldades apresentadas pelo toiro também aumentavam.
Do meu ponto de vista, Miguel Moura protagonizou o melhor
momento da noite. Montado no “Xarope” deu importância ao toureio de saída e apontou
dois compridos (o primeiro, em sorte gaiola) superiores. A serie de curtos foi
larga, mas nada que se equivalesse ao nível em que o vi na fase inicial.
A encerrar a noite, António Prates contruiu uma actuação fluente
e com ritmo. Muito provavelmente, entre as melhores que logrou na sua carreira.
Noite de concurso de pegas, entre três grupos. Pelos
Amadores da Moita pegaram David Solo à segunda tentativa e Fábio Silva (com perseverança)
à quinta. Pelos Amadores de Arronches concretizaram Luis Marques à quarta e
Rafael Pimenta com uma rija pega à segunda, premiada com duas voltas à arena.
Pelos Académicos de Elvas foram solistas Paulo Maurício à segunda e Gonçalo Machado
à primeira, com a pega vencedora do trofeu em disputa.
Dia 18 de Agosto, voltamos ao Campo Pequeno, desta feita
para um cartel à altura da primeira praça de toiros do país!
Foto: João Silva