Por: Catarina Bexiga
A seriedade da Monumental do Campo Pequeno (Catedral do
Toureio a Cavalo) deveria ocupar um lugar totalmente distinto do actual e
deveria servir de referência; e nunca conivente com tamanha falta de exigência;
porque no Toureio pode existir “estilos”, mas nunca poderá deixar de existir seriedade
e exigência. O Campo Pequeno tornou-se a praça de toiros onde é mais fácil
triunfar. Reconheço que é importante ter público nas bancadas; mas não deverá
ser menos importante preservar os Aficionados que ainda lá vão. Espanha dá-nos
todos os dias exemplos de seriedade e exigência; mas aqui contentamo-nos com
pouco... Em noite de homenagem ao seu pai, Marcos Tenório assinou duas
actuações que estiveram longe de merecer o registado desfecho. Aceito que o
sentimento estivesse “à flor da pele”; mas não posso aceitar que o toureio que
praticou mereça quatro voltas à arena. Até lhe reconheço capacidades para mais.
Até já lhe vi actuações superiores. Sair em ombros pela porta grande da
Monumental do Campo Pequeno merece uma reflexão profunda sobre a categoria que
se pretende dar ao Toureio a Cavalo em Portugal no futuro…
Da noite de ontem, recordo três grandes ferros curtos de
João Moura, montado no “Marino”, no seu primeiro toiro, mas que nem valorizados
foram pelo público de Lisboa; e uma meritória “gaiola” de Marcos Tenório, com o
“Danone”, no seu segundo.
Cayetano Rivera Ordóñez – que debutou em Lisboa – teve uma
passagem discreta pela capital. O seu lote de Varela Crujo teve virtudes, mas
com o primeiro, Cayetano, não se sentiu confiado e com o segundo apenas se viu
mais a gosto pelo pitón esquerdo.
O curro de Varela Crujo, Herdeiros saiu díspar de jogo. Dos
toiros para cavalo, o primeiro não teve raça, o segundo saiu desinteressado e
sem fijeza, o quatro foi reservado e o quinto teve mobilidade e transmissão, mas
com “feios “ durante a lide (na minha opinião foi excessiva a volta do
ganadero). Para a pé, ambos tiveram condições, destacando-se o sexto da função.
Pelos Amadores de Portalegre pegaram Ricardo Almeida e João
Fragozo, à segunda tentativa. Pelos Amadores da Chamusca pegaram Francisco
Borges à segunda e Bernardo Borges à primeira, na melhor pega da noite.
O Delegado Técnico Tauromáquico, Ricardo Dias, apenas serviu
de “figurante” e foi cúmplice com a falta de seriedade e exigência que marcaram
a noite.