A Associação “Praça Maior” devolveu o entusiasmo à afición escalabitana. Cerca de 8.000 pessoas marcaram presença no primeiro espectáculo anunciado para a temporada de 2019. A missão de revitalizar a “Celestino Graça” foi assumida por um grupo de aficionados; e esta é a prova de que com dedicação e trabalho conseguem-se colher frutos. Um projecto (criativo e dinâmico) que passa a ser exemplo para muitos dos que cá andam há muitos anos…
António Ribeiro Telles e Francisco Palha dividiram o protagonismo da tarde. O primeiro através da sapiência dos eleitos e o segundo com a entrega de quem procura um lugar cimeiro no escalafón.
A mim, a actuação que mais me fez desfrutar foi a segunda da tarde. Com um toiro de Cunhal Patrício, que desde início, se desligou e se desinteressou da montada, António toureou a cavalo, porque tourear não é apenas cravar os ferros, tourear foi o que fez... Entendeu o toiro, as suas querenças, as suas distâncias e os seus terrenos, encontrou a ligação certa, e procurou tirar partido do comportamento do adversário. Tudo feito com sentido e propósito. Montado no “Favorito” a última parte da actuação resultou empolgante. Com o quinto da tarde, um toiro com mobilidade, mas que galopava atrás do cavalo a “su aire”, a actuação do cavaleiro da Torrinha com o “Alcochete” mexeu mais com o público. Eu fico-me com a anterior!
As duas prestações de Francisco Palha foram muito idênticas. Incutiu raça e vibração ao que fez; no primeiro toiro com a “Duquesa” e no segundo com o “Roncalito”, privilegiando a colocação dos toiros em tábuas para depois concretizar os ferros. Mérito acrescido teve os dois compridos com que recebeu à gaiola ambos os toiros. Pelo risco. Pela verdade. Pela emoção. Dos que se vêm poucas vezes!
As actuações de João Moura resultaram asseadas. No primeiro toiro procurou encontrar luzimento no toureio de praça a praça, sobressaindo na concretização do terceiro curto. No segundo do seu lote andou mais discreto.
Do curro de Cunhal Patrício (o 4.º foi de Veiga Teixeira) recordo dois toiros. O quinto que teve mobilidade, mas andou a “su aire” (o ganadero foi premiado com volta à arena) e o sexto um toiro com raça e seriedade.
Para o interesse da tarde contribuíram também os dois grupos de forcados. Pelos Amadores de Santarém pegaram Ruben Giovetti que dobrou Fernando Montoya, António Taurino à segunda com uma grande primeira ajuda e Francisco Graciosa à primeira, igualmente com uma grande ajuda. Pelos Amadores de Vila Franca de Xira concretizaram Vasco Pereira à segunda, Rui Godinho à primeira e Francisco Faria à terceira.
Interessante tarde de toiros. Renovado entusiasmo e a “Celestino Graça” de novo no calendário dos aficionados!
Foto: Pedro Batalha