A DESPEDIDA SONHADA DE RUI SALVADOR. Sempre foi um
toureiro valente e foi valente até ao fim. Rui Salvador teve a noite que
merecia. O último toiro da sua trajectória nas arenas tinha o N.º 39, pesou 500
Kg, e pertencia à ganadaria de David Ribeiro Telles, permaneceu nos médios,
indiferente ao cavaleiro e obrigou Rui Salvador a fazer um esforço suplementar.
Com o “Vice-Rei”, o segundo comprido foi apontado com muita decisão; e montado
no “Hornazo” a serie de curtos ficou para a história de Rui Salvador e para a
nossa história enquanto aficionados. Da parte do cavaleiro houve sempre muita
disposição, intencionalidade em tudo o que fez e uma ligação constante. A Palha
Blanco retribui-lhe com gritos de Toureiro, Toureiro, Toureiro!
A LIDE QUE NOS FEZ SONHAR DE MIGUEL MOURA. Tem vindo a
apontar. Tem vindo a dizer que podemos contar com ele. Miguel Moura assinou,
ontem, em Vila Franca uma das melhores actuações da sua vida. O toiro de Vale
Sorraia saiu com muita mobilidade e a transmitir muito; e estar à sua altura
foi um desafio exigente. Logo de saída, com o “Faraó”, Moura apontou uma gaiola
poderosa; e com o “Juventus” soube tirar partido da vivacidade das investidas,
quer na brega, quer no momento do ferro, deixando o adversário arrancar-se de
largo e vencendo o pitón da sorte com autoridade. Actuação vibrante que colocou
o público da Palha Blanco de acordo e encerrou com chave de oiro a noite.
A Corrida Concurso de Ganadarias juntou um toiro de
Conde de Murça, precioso de hechuras (merecedor do prémio apresentação, que não
lhe concederam), mas que teve pouca entrega; o de Veiga Teixeira foi encastado;
o de David Ribeiro Telles foi muito reservado; o de Mata-o-Demo foi gazapón; e
o de Vale Sorraia foi um toiro com muita mobilidade e transmissão, que merecia
ter sido distinguido. Em quarto lugar, João Moura lidou um sobrero de Veiga
Teixeira, colaborador, em substituição do exemplar do Eng. Jorge de Carvalho,
que foi recolhido sem se perceber o porquê.
Diogo Oliveira concretizou o sonho de tomar a
Alternativa, concedida (a título excepcional) por Rui Salvador. A actuação veio
de menos a mais, inicialmente por falta de colaboração do “Chapitô”, mas depois
ganhando folgo com o “Orpheu”. Depois de um início infeliz, António Ribeiro
Telles destacou-se em dois curtos montado no veterano “Alcochete”; João Moura
(que lidou em 4.º lugar o sobrero) despachou com facilidade os curtos montado
no “Favorito”; e apesar dos intentos, Rui Fernandes teve uma actuação que não
terminou de se definir com o “El Dorado”.
Em noite que costume ser especial para os Amadores de
Vila Franca de Xira, esta teve vários matizes. Pegaram Miguel Faria à primeira
tentativa, Rodrigo Camilo à primeira, Vasco Pereira também concretizou ao
primeiro intento, seguindo-se Salvador Ribeiro Corrêa que dobrou Rodrigo
Andrade, André Câncio à primeira e Guilherme Dotti apenas à quinta.
No fim, o Prémio Apresentação e o Prémio Bravura
distinguiram o exemplar de Veiga Teixeira.
Se para Diogo Oliveira esta foi a noite da sua
Alternativa; para Rui Salvador e Miguel Moura esta foi uma noite para recordar!!!
FOTOS: PEDRO BATALHA