Por: Catarina Bexiga
Superiormente apresentados, saíram os toiros de Vale do Sorraia escolhidos para o toureio a cavalo. Quatro toiros exigentes, com muitas teclas para tocar, e cujo comportamento não se adapta ao toureio “standart” dos tempos que correm. São toiros imprevisíveis, que podem surpreender para o bem ou para o mal, e que muitas vezes criam problemas a quem não os toureie na verdadeira dimensão da palavra.
A presença de João Telles Jr. na tarde de Domingo de Colete Encarnado resume-se à sua atitude frente ao segundo do seu lote, pois com o anterior a actuação não teve força para romper. O quarto da tarde foi um toiro sem entrega, trotón, mas com que o cavaleiro soube tirar melhor partido. Montado no “Marfim”, a actuação veio a mais com o passar do tempo, sobressaindo o quarto curto, em que converteu o perigo em emoção.
Os melhores momentos de Francisco Palha surgiram no primeiro do seu lote. Impôs seriedade, fez-nos estar pendentes de si, e sobretudo no terceiro curto marcou uma posição. Montado no "Jaquetón", aguentou o cite, aceitou a investida, e cravou um grande ferro. O curto que se seguiu, desta vez violando o cavaleiro os terrenos do toiro, também foi outro grande ferro. Com o quinto da tarde sentiu dificuldades em acoplar-se às investidas do Vale do Sorraia.
Escolhi para título deste apontamento, quem verdadeiramente merece. Os Amadores de Vila Franca tiveram mais uma tarde memorável na sua Palha Blanco. Quatro pegas de quatro forcados que se têm vindo a afirmar dentro do grupo. Mas, a pega de Miguel Faria foi mais do que uma grande pega… foi um hino à arte de pegar toiros. Com a serenidade dos predestinados, mas com a coragem e a audácia próprias da idade, fez a Palha Blanco explodir de entusiasmo. Pegaram também Lucas Gonçalves, Guilherme Dotti e Rafael Plácido, todos à primeira tentativa, superiormente ajudados pelo grupo.
A contratação das grandes figuras (com as suas exigências) para os nossos cartéis começa a ser um verdadeiro “pau de dois bicos”, que futuramente pode levar o aficionado a pensar na altura de decidir em ir ou ficar em casa. Bem sei que há excepções, mas a história repetiu-se em Vila Franca. O primeiro toiro de Varela Crujo não tinha a mínima apresentação para sair à arena da Palha Blanco, nem a nenhuma outra arena de primeira categoria. O público não deteve o seu descontentamento (e com razão) e a primeira faena de Castella não teve história. O segundo, mais composto à vista, defendia-se no fim dos muletazos, o vento também não parou de incomodar e ao aficionado valeu somente o ofício do toureiro francês.
Desfrutem com a foto do Pedro Batalha…