Por: Catarina Bexiga
Para um toureiro que assinala 45 anos de Alternativa, poder comemorar a efeméride a tourear (para mais ao lado do seu filho) é um privilégio. Paulo Caetano lidou um exemplar da sua própria ganadaria, que foi o colaborador ideal para uma noite de festa. O senhorio e a elegância foram a bandeira do seu toureio. Decerto, recordará importantes triunfos nesta praça.
Mas este não é o Campo Pequeno, praça de toiros, que muitos conheceram. Este é o Campo Pequeno, sala de espectáculos, que os de agora conhecem. São coisas diferentes. É assim, desde a sua reinauguração. E a culpa, não sendo de ninguém, é de todos. Não me identifico com o formato em que tornaram a primeira praça do país, mas deve ser "limitação" da minha parte. Agora, uma corrida de toiros é apelidada de acontecimento, antes mesmo de o sê-lo; os triunfos tornaram-se fáceis e banais; e a bravura até tem novo conceito. Vale de tudo!
Excepto o segundo (fechado de cara), o curro de António Charrua saiu uniforme apresentação e comportamento. A todos faltou raça, e sem raça falta emoção. Todavia, o quarto e sexto tiveram um pouco mais de ânimo para investir. Do meu ponto de vista, foi despropositado o “lenço azul” para premiar o sexto da noite.
Quem também conheceu outro Campo Pequeno foi António Ribeiro Telles. Ao seu toiro faltou empurre, mas António marcou a diferença nos pormenores da lide; de saída ainda recreou a "sorte da morte" com o “Hibisco” e cravou uma série de curtos em crescendo com o “Murmullo”. De uma geração mais recente, João Moura Caetano tirou partido das capacidades do cavalo que leva o nome da monumental, sobretudo nos recortes e nas hermosinas com que rematou as sortes; Marcos Tenório começou com dois compridos poderosos com o “Danone”, mas depois optou por uma versão desprovida de interesse (tendo, inclusive, faltado ao respeito ao Director de Corrida durante a volta à arena); Duarte Pinto procurou imprimir frontalidade ao seu toureio com o “Hábito”; e Miguel Moura assinou uma actuação animosa montado no “Herói”.
Pelos Amadores de Montemor-o-Novo, Vasco Ponce foi dobrado por António Cecílio, tendo a pega sido consumada à quarta tentativa, José Maria Pena Monteiro fechou-se à segunda e o cabo António Cortes Pena Monteiro à primeira. Pelos Amadores de Lisboa consumaram Nuno Fitas, Duarte Mira e João Varandas, todos ao segundo intento.
Após as cortesias, Paulo Caetano foi agraciado pela Casa Real Portuguesa, pela Associação Puro Sangue Lusitano, pela Associação de Criadores de Raças Selectas e pela a empresa do Campo Pequeno.
FOTO: PEDRO BATALHA